Circula nas redes sociais um caso de que tive
conhecimento esta semana e ao qual não consigo ficar indiferente. O insólito
retrata os sinais dos difíceis tempos que vivemos, mas também a sensatez e
humanismo de um homem perante um concidadão seu a passar dificuldades. A
história relembra-nos a fragilidade da vida humana e que qualquer um de nós, de
um momento para outro, pode atravessar dificuldades inesperadas.
Pude conhecer este caso através do Facebook do Comando
metropolitano da PSP do Porto em que se relatava o seguinte: foi a polícia
solicitada para prestar serviço num supermercado na cidade do Porto onde foram
informados que determinada pessoa tinha sido travada à saída na posse de
artigos furtados.
Os agentes questionaram de seguida a gerente do
supermercado sobre quais os bens furtados tendo sido informados que se tratavam
de 4 iogurtes, 6 pães e 2 pacotes de leite. Os agentes dirigiram-se então ao
autor do roubo e este, a chorar compulsivamente, lá foi dizendo que, tanto ele
como a esposa, estão desempregados, têm 2 crianças em casa e nem leite tinha
para lhes dar.
Neste momento, num ato que considero de profunda
compaixão, humanismo e solidariedade, um dos agentes questionou a gerente sobre
o valor monetário em causa, tendo sido informada de que pouco passava dos 4
euros. De imediato saldou a conta e perguntou se pretendiam avançar com
procedimento criminal.
Como tudo estava pago, a gerente do supermercado
informou que não queria apresentar queixa e o polícia mandou para casa aquele
pai com a comida para os seus filhos.
De facto, preso, este nosso concidadão não conseguiria
levar comida para os seus filhos e este caso fez-me refletir em 2 aspetos a que
todos devemos ter atenção:
1. A
pobreza é muitas vezes um ato de solidão que, não engrandecendo ninguém,
representa muitas vezes um falhanço enquanto membro de uma sociedade e que, por
este mesmo motivo, acaba por levar à vergonha e ao adiar dos pedidos de
auxílio;
2. Felizmente
ainda existem pessoas dignas que, de forma voluntária, se entregam dia após
dia, noite após noite a ajudar homens, mulheres e crianças com fome, e cujo
último recurso é mesmo pedir ou furtar.
Felizmente, que o que não nos falta é gente boa e
disponível para ajudar os outros. Gente empenhada e que desinteressadamente vai
construindo um melhor futuro todos os dias.
No nosso País,
no Concelho de Vendas Novas ou em cada bairro. Nas coletividades, nas empresas
ou mesmo em cada um de nós. Há gente, há vontade, há esperança, há futuro!
Para
todos aqueles que em cada dia fazem a esperança renascer e o futuro mudar para
melhor, para todos os que de forma humana e solidária ajudam os mais
desfavorecidos a ultrapassar cada barreira, aqui fica o meu reconhecimento.