terça-feira, 30 de novembro de 2010

Olhar sobre a Greve “Geral”

O Olhares à Margem desta quinzena incidirá sobre a Greve dita “Geral” de dia 24 de Novembro último. De facto, muitas poderiam ser as abordagens aqui propostas, mas incidirei apenas sobre 5 perspectivas pessoais sobre o assunto:

1. Como é possível que sindicatos indiquem que 75% dos trabalhadores portugueses tenham aderido à Greve e o Governo apresentar o número oficial de 29% de grevistas entre sector público e privado do Estado?

2. É lamentável o aproveitamento político e a manipulação que certos sindicatos fazem dos trabalhadores, com fins unicamente partidários, e que acabam por desvirtuar o próprio instrumento democrático que é a Greve.

3. São inaceitáveis em Democracia os comportamentos de alguns sindicalistas que acabam por impedir aqueles que querem trabalhar de o fazerem, com recurso a métodos que envergonham a jovem Democracia Portuguesa, nomeadamente com recurso a bloqueios, danos nas fechaduras dos edifícios públicos, etc.

4. Em Vendas Novas, e apesar da adesão pouco expressiva de trabalhadores, existem alguns relatos de ameaças a trabalhadores pelos próprios sindicatos e mesmo a utilização dos métodos já referidos e que acabaram por ser alvo da Comunicação Social – SIC.

5. No fundo, e embora a entenda, acho que esta foi uma Greve com uma enorme falta de sentido de oportunidade, pois o nosso País atravessa um momento económico verdadeiramente preocupante, em que a necessidade de produzir é fulcral para o nosso futuro.

Em súmula, permitam-me que clarifique:

1. Respeito e valorizo o recurso à greve enquanto instrumento da Democracia e em defesa dos que trabalham.

2. Compreendo que, perante as dificuldades sentidas por todo o Mundo, não exista um clima de contentamento perante as soluções que se propõem, mas acredito que a greve por si só não resolve nada.

3. Acredito na capacidade dos Homens para resolverem mais uma vez um problema que é conjuntural e cíclico e acho que TODOS devemos estar sempre do lado das soluções para os problemas e nunca do lado do próprio problema.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Nova Creche Inaugurada em Vendas Novas

CRESCER “- Desenvolver-se; Tornar-se maior; aumentar.

Tal como a própria palavra indica, crescer é um acto puro e simples de transformação pelo qual todos os seres passam e que os torna diferentes.

É neste ponto que reside o essencial do olhar de hoje. O sítio onde crescemos ajuda a determinar as pessoas que somos, pois é o meio que nos rodeia que fundamentalmente estabelece os Homens em que nos tornaremos.

A abordagem até aqui feita, com base num simples significado de uma palavra serve para que facilmente percebamos o importantíssimo papel que a Creche Lydia Cabeça, inaugurada no dia 16 de Novembro, em Vendas Novas, terá na construção das futuras gerações de vendasnoveneses.

Um investimento público de qualidade, para o qual foram necessários conjugar vários factores, e que será determinante para a qualidade de vida das nossas populações. Num total de 600 mil euros, esta obra foi financiada pelo Governo Português, no âmbito do Programa PARES (Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais), do Ministério do Trabalho e da Segurança Social, em 60%, pela Câmara Municipal e, como não podia deixar de ser, pela Santa Casa da Misericórdia de Vendas Novas, mas implicou muito mais do que dinheiro.

Acima de tudo, Vendas Novas fica a dever este novo equipamento a um conjunto de pessoas empenhadas no desenvolvimento da nossa terra e que colocaram acima do seu interesse pessoal o interesse colectivo, com todos os riscos que essa decisão implica nos dias de hoje.

Assim, e sem querer menosprezar outras pessoas que certamente também têm contribuído para o progresso do projecto, gostaria de louvar nestas breves palavras o trabalho sempre voluntarioso e empenhado do Sr. Artur Aleixo Pais, da D. Helena Candeias e do Sr. Roberto Joaquim Candeias , bem como dos restantes membros da Direcção da Santa Casa da Misericórdia.

É deste trabalho que se faz o futuro de qualquer local. Um trabalho que terá frutos e que permitirá uma melhor formação básica para 58 crianças vendasnovenses e um crescimento significativo da qualidade de vida de muitas famílias da nossa terra.

Um esforço que é no fundo a persecução do trabalho realizado pela alta figura que justamente lhe dá nome: Sr.ª D.ª Lydia Cabeça. Benfeitora de Vendas Novas que, em conjunto com o seu marido, Dr. Custódio Cabeça, em muito contribuiu para o engrandecimento do nome da nossa cidade, nomeadamente na área da saúde.

Foi em boa hora que se lhe fez justiça. Justiça daquela que muitos outros vendasnovenses já mereciam por parte das nossas entidades locais.

Orçamento de Estado 2011

Discute-se, no momento em que escrevo, na Assembleia da República Portuguesa, um dos mais importantes instrumentos de gestão do nosso país: o Orçamento do Estado para o próximo ano.

Um instrumento de difícil elaboração e, certamente, de difícil execução. O que estará em causa neste ano de 2011 será a estabilidade do país e a resposta musculada e consistente a uma crise de que só agora sentimos os efectivos efeitos.

Como ponto de partida para o tema, importa referir que este não é um problema único de Portugal. Não estamos sozinhos nesta batalha do combate ao défice, estando os nossos parceiros Europeus e Mundiais a atravessar tantas dificuldades como nós: o desemprego, a falência de empresas, os défices orçamentais, o aumento da dívida pública e o aumento dos juros sobre esta mesma dívida são factos que trespassam qualquer país nosso contemporâneo. A título de exemplo, deixo as previsões para os défices em 2010: Irlanda - 32%; Espanha - 9,3%,; Grécia - 8,7%; França - 7,7%; Reino Unido - 10,6%.

Assim, e do meu ponto de vista, importa:

1. Saber que “há mais vida para além do défice” (como disse Jorge Sampaio), mas que é importante cumprir os nossos compromissos europeus, colocando as contas públicas em ordem;

2. Ter a coragem necessária para tomar as medidas que se exigem para garantir a sustentabilidade económica e social de Portugal;

3. Termos um Governo sério e isento na aplicação de medidas, mesmo que estas, por serem impopulares, levem ao descontentamento. É necessário fazer o que é preciso e não aquilo que é mais fácil.

Teremos que ter capacidade de antecipar a evolução dos mercados e de inovar nas medidas económicas a tomar para sairmos desta crise. Tal como disse John Cochrane, um dos mais brilhantes economistas americanos da nova geração, em entrevista ao Expresso, “A teoria dos mercados eficientes prevê que os mercados tenham derrocadas imprevisíveis. Não diz que têm poderes de adivinhar o futuro”.

PS e PSD têm hoje, mais do que nunca, que se assumir como partidos responsáveis, sérios e como os únicos com sentido de Estado. Para isto, é necessário olhar para o País sem partidarismos, sem cálculos eleitoralistas.

Haja a seriedade, a coragem e a altivez de olhar para o País e fazer o que é necessário. Acredito que o Orçamento de Estado será aprovado no próximo dia 3 de Novembro, pois é um mal necessário para a credibilidade Portuguesa.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Desenterrar a Esperança - 2

Uma lágrima brotou dos olhos negros de Ávalos e rolou pelo seu rosto enegrecido. Imediatamente milhões de outras lágrimas acompanharam a sua e deram lugar a milhares de sorrisos por todo o mundo.

Este seria o primeiro de 33 momentos mágicos de júbilo e comoção que, no passado dia 13 de Outubro, tiveram lugar muito para lá das fronteiras do Chile. Este poderá ser ainda o início de um bonito romance que algum escritor mais inspirado escreverá algum dia.

Mas na verdade, este foi um momento único, um momento em que se fez História no mundo, fruto da cooperação institucional entre países e de uma batalha inédita no campo do Socorrismo Internacional.

De facto, devemos também nós rejubilar com a alegria partilhada pelas equipas de socorrismo, famílias e amigos no momento em que trouxeram para a luz os 33 mineiros chilenos encurralados na Terra há 2 meses. Rejubilar pelo facto de poderem ter renascido e de sempre terem acreditado que seriam salvos.

Fé numa força superior, fé nos seus amigos, fé no seu país e em si mesmos foi a chave da manutenção das forças destes 33 homens, cujo destino poderia ter sido traçado de outra forma, como acontece aliás em dezenas e mesmo centenas de outros casos por todo o mundo.

No fundo, conseguiram demonstrar-nos que o Homem, ser tão indefeso perante a força da Natureza, pode, se acreditar, ter um futuro mais sorridente. Hoje, enquanto escrevo estas poucas palavras, estes homens estarão certamente a gozar o maravilhoso mistério que é vida e acredito que viverão as suas vidas de uma forma diferente.

Esta é a maior lição que podermos tirar do exemplo das 33 vidas salvas das trevas e a quem a mãe Terra deu novamente à luz. Uma lição de confiança naqueles que os tentavam salvar, e portanto uma enorme lição de fé nos Homens.

Não devemos todos dar mais valor à nossa vida e viver cada momento como se amanhã não estivéssemos entre aqueles que amamos e nos amam? Não devemos dar a importância relativa a situações e momentos difíceis com que nos deparamos todos os dias e acreditarmos que o amanhã será certamente melhor?

Devemos acreditar na Humanidade e na capacidade que temos para resolver situações adversas e sermos em cada dia mais felizes. Nas palavras dos mais sábios clássicos e no exemplo destes heróis que aguentaram a tormenta, para de seguida viver: Carpe Diem!

Acredito que tudo na vida é relativo, como é relativa a própria vida.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Viva a República!

Em ano de celebração do Centenário da República Portuguesa, decorrem por todo o país centenas de celebrações de homenagens a um marco impar na Histórico de Portugal.

A República Portuguesa, que todos devemos honrar e ajudar a credibilizar, merece o nosso respeito. Para tal, de norte a sul do país, Associações, Câmaras Municipais, Juntas de Freguesia, Escolas, Universidades entre outras entidades públicas e privadas prestam justa homenagem a todos os que lutaram pelos valores que ainda hoje constituem a razão de ser da Política Portuguesa, os valores herdados da própria Revolução Francesa: a Igualdade; a Liberdade e a Fraternidade.

Devemos pois, na nossa dupla qualidade de cidadãos portugueses e de eleitos pelos cidadãos de Vendas Novas, honrar aquilo que a todos une enquanto portugueses: Uma Bandeira; Um Hino; Um Busto.

Assim, e enquanto Deputado da Assembleia Municipal de Vendas Novas, no passado dia 23 de Setembro, apresentei em nome da bancada do Partido Socialista uma proposta de realização de uma Sessão Extraordinária deste Órgão Municipal, a realizar num espaço nobre do Concelho, no próximo dia 5 de Outubro, com a solenidade que a data nos merece.

Propunha ainda que fossem enviados convites para a referida sessão a todas as entidades públicas do nosso Concelho, bem como o donativo das senhas de presença a Instituições Particulares de Solidariedade Social do Concelho.

Certos da pertinência da efeméride, bem como do republicanismo (enquanto crença nos ideais acima mencionados) de todos os eleitos do poder local de Vendas Novas, ficámos totalmente desapontados com o chumbo dado pela bancada do Partido Comunista à proposta, sobretudo com o argumento de que (e passo a citar): “Esse dia é feriado e não dá jeito a muitos dos eleitos da bancada da CDU”.

Julgo que a República merece o maior respeito de todos nós, mas sobretudo, sinto-me defraudado pela falta de respeito do PCP para com todos os que lutaram para que pudesse existir um sistema governativo que coloca sobre todos aquilo que a todos pertence. Um sistema político que fundamenta os próprios princípios da nossa Democracia.

No fundo, um facto histórico para quem acredita que Portugal tem um passado que começou muitos séculos antes do 25 de Abril!

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

7 de Setembro de 1962

Assinalou-se na passada terça feira, o 48º aniversário da passagem de Vendas Novas a Concelho, 48 anos depois.

De facto, esta é uma das datas mais importantes da vida da nossa terra, apenas comparável com a fundação das “Vendas Novas” de apoio à Mala Posta, por ordem de D. João III.

Com todo o simbolismo que acompanha a passagem de Vendas Novas à categoria de “Concelho” (a autonomia face ao Concelho de Montemor-o-Novo, do qual éramos uma das freguesias mais promissoras, mas também a consolidação territorial e a possibilidade de governação dos destinos de todos os vendasnovenses), é no entanto salutar, senão mesmo tão importante como a data, a memória dos obreiros responsáveis pela efeméride.

Neste dia devem passar-nos pela memória o esforço e o empenho de todos os que contribuíram para a nossa autonomia. Entre eles, e sem demérito para os restantes, penso que deve ser recordado, valorizado e reconhecido o nome do Dr. José Manuel Ennes Ferreira, defensor do concelho e primeiro presidente de Câmara de Vendas Novas.

Independentemente do momento histórico-político em que ocorreu, mas também das ideologias de quem se empenhou neste projecto, julgo ser ainda hoje pertinente reconhecer o legado que nos deixaram e no qual se funda aquilo que hoje somos enquanto comunidade.

Talvez, nos dias de hoje, muitos destes homens do 7 de Setembro se sentissem desiludidos com o caminho que seguimos em tempos de democracia. Talvez reconhecessem muitas oportunidades perdidas para tornarmos o Concelho de Vendas Novas mais próspero e próximo dos cidadãos.

Na verdade, talvez sentissem que falta aos actuais governantes de Vendas Novas a dedicação à terra que eles próprios provaram ter.

Caberá às futuras gerações recriar o sentido de pertença à nossa terra e empenhar-se na construção de um concelho com identidade, oportunidades e que deixe a sua marca positiva no panorama regional e nacional.

Portugal em chamas

Desde o inicio do mês de Agosto, e como já tive oportunidade de alertar em artigo anterior, o país tem vivido tempos verdadeiramente difíceis com centenas de ignições e consequentes incêndios a alarmar populações e a fustigar os Bombeiros do nosso país. Podemos mesmo dizer que o país está literalmente em chamas.

No Distrito de Évora vivemos, no passado dia 11 de Agosto, o pior incêndio florestal deste ano, localizado no concelho Viana do Alentejo, numa zona de densos matos e algum eucalipto, e que tive oportunidade de acompanhar no âmbito das funções que exerço no Governo Civil de Évora.

Na verdade, e ao contrário do que muita gente diz - utilizando da mais barata demagogia - houve um enorme esforço de preparação desta época de incêndios e os alertas das mais variadas entidades com competências na Protecção Civil multiplicaram-se ao longo de meses.

Sabendo-se que o Inverno foi chuvoso e prolongado, não poderemos aceitar que muitos proprietários abandonem os seus terrenos, mesmo que esses não tenham para eles qualquer rentabilidade. É inaceitável, em qualquer país civilizado, e para qualquer pessoa minimamente informada, que não cuidemos do que é nosso para depois nos queixarmos que ardeu.

Julgo que, de uma vez por todas, há medidas a tomar, e partilho inteiramente da visão do Ministro da Agricultura, António Serrano, quando equaciona expropriar quem tome atitudes destas.

Outra coisa difícil de compreender é a posição e a consciência de pessoas sem escrúpulos que, por motivos vários e de forma egoísta, pegam fogo ao nosso património natural. São atitudes negligentes ou criminosas que, além de destruírem a nossa floresta, põem em causa a segurança e a vida de quem heroicamente combate as chamas na defesa do património de terceiros e com todos os custos que esse combate implica.

Na Guarda, em Viseu ou em Viana do Alentejo, o dano não é apenas para os proprietários. As perdas são várias e o sacrifício de quem enfrenta estas calamidades deve ser valorizado pela nossa sociedade que agora, mais do que nunca, se deve unir para ajudar a identificar os responsáveis por estes actos criminosos.

Por último, uma palavra de agradecimento à Câmara Municipal de Viana do Alentejo pelo alto desempenho alcançado com a logística que, pelas 3h da manhã, permitiu confortar com água e alimentos os cerca de 60 Bombeiros que, com bravura e sacrifício pessoal, combateram até à exaustão - e durante mais de 9h - este incêndio.

Haja bom senso de uns e coragem de outros!

Regionalização

Voltou recentemente aos focos mediáticos uma temática transversal a vários meios portugueses – A Regionalização. De facto este é um tema já antigo e com tradição desde os primórdios dos regimes democráticos e não só.

Na verdade, com uma leitura mais alargada poderemos mesmo reportar as origens da Regionalização às épocas áureas da Civis romana, fundamentada na organização da Polis grega. Já na época a gestão do território fazia pender para as regiões conquistadas alguma autonomia que acabava por ser uma das mais belas miragens políticas construídas pelos romanos, uma vez que esta autonomia apenas existia parcialmente e com muitas limitações.

Ao longo de alguns séculos, mais recentes, percebemos que a necessidade de gerir cada vez melhor os territórios e os seus recursos, sobretudo em tempos de grande necessidade financeira, tem levado muitos Países a adoptar um modelo mais descentralizado de administração, permitindo que a resolução dos problemas ocorra mais próxima da sua origem, enquanto ainda são pequenos e mais fáceis de resolver.

Em Portugal, o debate em torno da Regionalização iniciou-se há já muitos anos, atingindo o seu expoente no Referendo Nacional de 8 de Novembro de 1998, em que os portugueses decidiram não avançar com a reforma Regionalizadora.

Em grande parte, e na minha leitura, os resultados tão negativos obtidos pelos apoiantes da Regionalização deveu-se a 2 ordens de razão:

1. O possível descontentamento com o Governo então liderado por António Guterres, no fim do seu estado de graça;

2. Uma clara pressão agrilhoante originária de algumas fontes de poder local, sobretudo do litoral, aliadas ao receio de duplicação institucional.

Hoje, e ultrapassado o estigma desse desastre político de 98, sentido sobretudo nas regiões do interior do País, será determinante o modo de implementação desta reforma administrativa, tal como será determinante a união de esforços nos principais partidos políticos portugueses (aparentemente já conseguida).

Que modelo de implementação escolher então para a Regionalização Portuguesa?

1. Uma Regionalização que sirva para criar e alimentar alguns egos políticos e fazer emergir grandes e pesadas estruturas políticas; que divida tecnocraticamente, de forma abstracta e não racional o território nacional; estará certamente vetada ao insucesso.

2. No entanto, se por outro lado, o modelo Regional Português souber valorizar o que de melhor tem cada região; se limitar a promover a descentralização democrática da vida administrativa do País, criando regiões culturalmente representativas do nosso povo e da sua história; um modelo que permita trazer o poder de decisão para mais perto do Cidadão, então não poderemos esperar outra coisa que não a vitória e consequentemente uma evolução sólida e um progresso cada vez mais rápido e consistente do nosso País.

Tal como acontece na esmagadora maioria dos Países da União Europeia, defendo um modelo regional capaz de travar o fosso existente entre Litoral e Interior, capaz de introduzir estratégias de planeamento e gestão intermédias, devidamente escrutinadas pelo povo, um modelo capaz de trazer aos cidadãos a Coisa Pública (Res Publica), sendo mais eficaz e eficiente na aplicação dos dinheiros públicos.

Enquanto regionalista convicto, tal como enquanto democrata, acredito na pertinência deste modelo para a resolução de grande parte dos problemas existentes no nosso País, sem que esta seja, no entanto, a chave para a resolução de todos os nossos problemas.

Acredito ainda que será necessário aliar a esta reforma política uma outra de importância igualmente fulcral: a Reforma Administrativa do nosso País.

Bastar-nos olhar para o mapa para percebermos que as deslocações internas de população registadas ao longo de décadas, as diferenças e diversidades económicas e sociais existentes no nosso País, não justificam a rígida divisão administrativa que temos.

Com o avanço da regionalização será fulcral rever o mapa de municípios e freguesias que nos organizam administrativamente de forma a colmatarmos algumas ineficiências que foram surgindo ao longo dos anos.

Mas estas são outras contas…

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Unidade de Cuidados na Comunidade em Vendas Novas

Foi inaugurada, no passado dia 21 de Julho, no Centro de Saúde de Vendas Novas, uma nova Unidade de Cuidados na Comunidade, numa sessão presidida pelo Secretário de Estado da Saúde, Dr. Manuel Pizarro.

Depois da inauguração do Laboratório de Análises Clínicas, de uma Unidade de Fisioterapia, mas sobretudo, depois de inaugurada a Unidade de Imagiologia (correntemente apelidada de Raio-X), o nosso Centro de Saúde conta agora com mais uma estrutura que procurará levar a saúde aos cidadãos: a Unidade de Cuidados na Comunidade (UCC).

Esta unidade prestará serviço a cerca de 11.619 cidadãos vendasnovenses e contará com uma equipa multidisciplinar, constituída por Médicos, Enfermeiros, Fisioterapeutas, Nutricionistas, Técnicos de Serviço Social e Higienista Oral, sendo coordenada pela Enfermeira Faustina Caeiro.

Muito embora parte destes serviços já se desenvolvessem em Vendas Novas há algum tempo, é graças a esta equipa de profissionais de saúde do nosso Concelho que poderemos agora dispor de um serviço organizado e coordenado, com uma oferta multifacetada.

Na UCC de Vendas Novas, e segundo a candidatura aprovada pelo Ministério da Saúde, existem já programas na área da protecção e promoção da saúde, na prevenção de doenças na comunidade, mas também vários projectos de intervenção com pessoas, famílias e grupos mais vulneráveis.

Destacamos os seguintes projectos a cargo desta equipa:
• “Preparação para o Nascimento e Parentalidade”;
• “Saúde Escolar”;
• “Pé Diabético”;
• “Gabinete de Atendimento ao Adolescente”;
• “Idosos em Movimento”;
• “Visitar para Melhor Cuidar”.

Eis mais um importante passo para afirmar o Sistema Nacional de Saúde, para provar que o Serviço Público pode e deve ter a mesma qualidade que o privado (sendo que por vezes tem mais) e, por último, a prova evidente de que Vendas Novas tem profissionais de saúde motivados e empenhados na melhoria dos cuidados de saúde aos seus concidadãos.

Alguém que nos puxe para cima…

Foi recentemente notícia a intervenção do Sr. Presidente da República Portuguesa em que indicava que o país se encontra “numa situação económica insustentável” e em que traçou um cenário negro para o nosso país.

Outra notícia relacionada com o nosso Presidente deu-nos conta da sua ausência do funeral do único Nobel da Literatura Português, o escritor José Saramago, por se encontrar de férias com os seus netos.

Nestas 2 situações sai o Presidente Cavaco mal na fotografia:

1. Num momento em que todos os mercados, sobretudo os externos olham para Portugal com bastante desconfiança, como acontece aliás com a quase totalidade da economia europeia é impensável que um dos órgãos máximos da nossa soberania nos puxe ainda mais para baixo.

De facto, e na minha opinião, o que necessitamos é de pessoas que nos puxem para cima e que, de facto, acreditem no nosso país, sendo de uma inutilidade total as intervenções “banais” (permitam-me citar Saramago acerca do nosso Presidente) sobre a nossa economia.

De que servem as intervenções alarmistas do Presidente Português? Que investimentos cativam este tipo de comentários? Quantos empregos criam? No fundo, em que medida estamos a ajudar o nosso país puxando-o ainda mais para baixo?

2. Em relação a Saramago. Pode o Sr. Presidente não gostar do homem, pode eventualmente nem gostar da sua escrita. O que não pode é ignorar uma das maiores figuras da Literatura Portuguesa.

Não podemos esquecer que Saramago morreu, mas que a sua obra permanecerá para sempre na História Literária do nosso povo.

Não comparecer ao seu funeral foi uma tremenda falta de respeito para com a sua pessoa, mas sobretudo para com o povo português. Será que as suas férias valem mais que um Nobel?

Acredito que o nosso país terá garra para sair desta crise, tal como acredito que Saramago, com tudo o que tinha de bom e de mau nunca será esquecido pelos portugueses.

Acredito que o tempo nos permitirá avaliarmos as acções de todos os mais altos cargos da nossa nação e que, se a ética não nos permitir distinguir entre o bem e o mal, o Povo, no momento da sua escolha livre e democrática, o saberá fazer.

Incêndios Florestais

“O tempo está mudado.” Palavras sábias as do meu avô, ao constatar a atípica pluviosidade que se tem feito sentir nos últimos meses e que, apesar de estarmos no mês de Junho, ainda não nos deixou.

Este facto poderia fazer-nos pensar em tudo o que de bom a água significa, mas, por outro lado, e no que a Incêndios Florestais diz respeito, esta pluviosidade significa um enorme sobressalto para Bombeiros, proprietários e restantes entidades responsáveis pela Protecção Civil do nosso país.

Na verdade, com a intensa queda de água ao longo de grandes períodos de tempo o desenvolvimento de ervas e matos foi igualmente grande o que, com os primeiros calores levará à sua secagem rápida e a um aumento do risco dos Incêndios Florestais.

Deste modo, gostaria de reflectir com os leitores da Gazeta sobre cada um dos três pilares de preparação para a época de combate aos incêndios: Prevenção; Fiscalização e Combate.

Prevenção: Esta fase, intemporal, da época de combate a incêndios decorre à frente das outras duas e será tão fulcral quanto incisivos forem os seus frutos. Com análise que acima fizemos, torna-se evidente que só com os trabalhos preventivos de corte de ervas e limpeza de terrenos agrícolas poderemos minimizar os danos dos incêndios no nosso concelho.

Aqui assumem particular destaque várias entidades, com responsabilidades directas na matéria:

• Proprietários agrícolas e florestais, obrigados a desmatar e limpar os seus terrenos, bem como a criar os tão importantes aceiros que impedem a propagação dos fogos a outras parcelas de terrenos;

• Empresas privadas e públicas, como sejam as Estradas de Portugal, a EDP, e REN e a CP, que terão que limpar bermas das estradas e as linhas à sua responsabilidade;

• Mas também e acima de tudo as Câmaras Municipais, responsáveis pela limpeza de vastas áreas de terrenos municipais situados, quer nos perímetros urbanos das povoações, quer nos caminhos e vias municipais. Neste ponto muito está ainda por fazer no Concelho de Vendas Novas onde basta passarmos pelo Parque Industrial para percebermos o perigo que correm algumas empresas, vizinhas de parcelas vazias e cheias de mato.

Fiscalização: A segunda fase da época e que contribuirá para punir todos os que desrespeitem o maior património natural de Portugal – a Floresta. A cargo das Forças de Segurança – GNR e PSP – a fiscalização encarregar-se-á de identificar e punir quem utilize negligentemente o fogo sem licenciamento e fora de época, quer quem não cuide de limpar em tempo as suas próprias propriedades. Após esta fase caberá à Câmara Municipal a cobrança das coimas respectivas (coisa que infelizmente poucas Câmaras fazem).

Combate: Por último, e tão calma quanto activas forem as duas fases anteriores, a fase de combate a incêndios florestais contará com o papel activo, empenhado e determinante dos nossos Bombeiros Voluntários, da nossa Força Especial de Bombeiros, bem como de todas as outras entidades com responsabilidades na matéria.

Para 2010, e apesar da crise económica que vivemos, o DCIF – Dispositivo de Combate a Incêndios Florestais – será igual ao de 2009 e o que todos esperamos é que seja pouco o trabalho e poucos os danos para os nossos “Soldados da Paz” e para o património natural do nosso país, já tão destruído em anos anteriores de má memória.

Assim, deixo 3 conselhos úteis a qualquer cidadão, com vista a tornar menos danosa a época de incêndios que se avizinha:

• Efectue os trabalhos de limpeza nos seus terrenos até ao final do mês de Junho;

• Não faça queimadas sem estarem licenciadas pela nossa Câmara Municipal, lembrando-se que após o dia 1 de Julho são PROIBIDAS;

• Mantenha-se vigilante e caso aviste uma coluna de fumo que lhe pareça suspeita ligue 117 para alertar as entidades competentes.

Modernização da Linha do Alentejo

Nas últimas semanas, no concelho de Vendas Novas e noutros por este Alentejo fora, um dos temas mais badalados foi a grande obra de Modernização da Linha do Alentejo.
De facto, este pequeno passo no rumo da modernização, do desenvolvimento e do progresso não nos pode deixar alheios. Da minha parte gostaria de poder partilhar convosco 2 visões impossíveis de separar e nos devem fazer pensar em todos os projectos modernizadores que ao longo das décadas grandes impactos produziram no modo como vivemos.
Assim:

1. A Modernização: de facto a Linha do Alentejo que liga Lisboa a Beja, existe há anos demais para que possamos pensar viver sem ela e, preso a este facto estão dezenas ou centenas de vidas de pessoas que sempre a utilizaram para as suas deslocações profissionais, de lazer ou simplesmente para tratar de certos assuntos na nossa Capital.
É um facto que sempre assim foi e que ainda hoje assim é. Mas é também um facto que da antiga automotora até aos modernos comboios muito foi o progresso, bem como as suas mais-valias nas nossas vidas.
Basta pensarmos que com a obra que agora se iniciou poderemos utilizar comboios mais rápidos para as nossas deslocações; poderemos ligar o Porto de Sines (importante ponto de desenvolvimento económico do nosso País e principal porta de entrada de bens por via marítima na Europa) a Espanha.
Assim, e a título ilustrativo, uma empresa conseguirá colocar um contentor de mercadorias em Madrid por apenas 100€ quando agora o faz por 270€. Além deste facto, conseguirá o nosso País reduzir as emissões de CO2 e aumentar a eficiência de um transporte que foi o grande meio de ligação do Alentejo ao resto do País e à Europa.


2. Por outro lado, não fico, nem ninguém pode ficar indiferente e muito menos sensibilizado com os impacto que as obras tão necessárias na Linha vão trazer para dezenas de cidadãos do nosso concelho.
Acredito que como pessoas inteligentes que somos chegaremos a um consenso que seja, de facto, melhor para todos. Acredito nisto sobretudo depois das palavras do Secretário de Estado dos Transportes, presente em Vendas Novas para a inauguração das obras, em que disse perante empresas, instituições, comissões de utentes e órgãos de comunicação social que haveria abertura da CP para negociar os transportes alternativos que, para muitos, são o único meio de poderem ir trabalhar e ganhar a vida.
Acredito e desde já proponho uma melhor alternativa, no meu ponto de vista, enquanto antigo utilizador da linha – nos meus tempos de estudante – e depois de falar com alguns dos actuais utilizadores: porque não coloca a CP os serviços de autocarros a percorrer a distância de Vendas Novas a Bombel e não utiliza os tão desejados Intercidades a partir desse apeadeiro até à nossa Capital?
Sendo apenas uma proposta, que me parece que poderia vir a encurtar o tempo, e o custo, da viagem, desafio os membros da Comissão de Utentes a apresentá-la à empresa (caso entenda que será uma melhor alternativa).

Perante a exposição e a análise que faço fica claro o seguinte: Não podemos, quão “Velhos do Restelo” (usando a figura camoniana) estar contra a modernização, devendo contudo exigir respeito e cuidado para que os seus impactos sejam mínimos nas nossas vidas.

25 de Abril – 36 anos depois

No momento em que cada Homem nasce que inicia-se a escrita da sua história. Alguns nascem para serem descritos como heróis, daqueles que fazem acontecer grandes mudanças na Humanidade e na sua Sociedade. Heróis capazes de fazer sonhar qualquer jovem. Por outro lado, outros nascem para serem operários, agricultores, militares, gestores ou pedreiros.
Nenhum deixa de ser importante na História de um povo, e cada um desempenha um papel principal naquela que é a sua história pessoal.
A 25 de Abril de 1974, muitos dos segundos tornaram-se heróis na sua e na nossa História. Essa é, aliás, uma das principais características do nosso Abril: além dos militares, foi a força, a vontade e a coragem de todo um povo que garantiram o fim de um regime ditatorial e o nascimento de uma democracia cultivadora de Liberdades e de mais Igualdade entre os Homens.
Há 36 anos, a queda do Estado Novo abriu o caminho da esperança em todos os portugueses. Esperança fundamentada nos valores que se defendiam e na certeza que o nosso país não voltaria a ser o mesmo.
Entre os heróis lembrados de Abril estão alguns dos nossos ilustres vendasnovenses que merecem hoje, e sempre, o nosso reconhecimento. Cidadãos da nossa terra que, pelas suas acções, marcaram, muitos anonimamente, a nossa Revolução e que merecem mais respeito que aquele que por cá lhes temos dado.
Por vezes, é quase irónico, sobretudo para os mais jovens, ouvir alguns dirigentes políticos falar do 25 de Abril como que “donos” desse movimento. Nada há de mais errado que tentar subjugar um movimento de libertação popular.
O 25 de Abril de 1974 foi um dia que poucos esqueceram e que muitos recordarão. Um dia do povo para o povo e não do povo para alguns. Com ele vieram liberdades, vieram convicções, vieram sonhos e possibilidades.
No momento em que celebramos 36 anos de Liberdade, tentemos lembrar-nos daqueles que o tornaram possível. Heróis de ocasião, mas simultaneamente heróis de eternidade. E sobretudo, não deixemos que nos “tomem” o 25 de Abril, pois todos vivemos, dia após dia, nos seus valores.

Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.
(…)

Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.

Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.

Manuel Alegre, Tova do Vento que Passa

Iniciativa Emprego 2010

Nos difíceis dias que vivemos, uma das principais preocupações da nossa Sociedade é, sem sombra de dúvida, o Desemprego.

Na verdade, fruto de uma crise Económica mundial, a que se seguiu uma crise Social demasiado feroz e de que poucos terão memória, Portugal, em linha com os demais países europeus, vive hoje um momento complicado no que diz respeito a um dos direitos fundamentais de todos os Homens – o Emprego.

Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), só no decorrer do próximo ano se conseguirá inverter a tendência de subida do desemprego, que já durante o ano de 2010 começará a estagnar.

Em Portugal, a Taxa de Desemprego chegou ao recorde histórico de 10%, tal como na França, mas é na nossa vizinha Espanha que este número é maior, atingindo já 19% da população. Infelizmente este é o espelho do nosso mundo de hoje.

No entanto, a postura dos demais governos não pode ser pessimista ou mesmo de resignação, devendo cada um dos responsáveis políticos dos mais variados países europeus tomar medidas que ajudem à criação de riqueza e ao fomento da nossa economia cada vez mais globalizada, ajudando por arrasto ao aumento da criação do número de empregos.

É neste sentido que louvo as medidas já aprovadas pelo Governo Português que, sabendo da difícil situação em que se encontram tantos portugueses e sobretudo tantos jovens do nosso país, não cruzou os braços e avançou com um pacote de medidas que, a serem aplicadas com eficácia trarão aos nossos concidadãos um futuro um pouco melhor.

A Iniciativa Emprego 2010, um programa de 17 medidas (num total orçamentado de 400 milhões de euros), que entrou em vigor no passado dia 20 de Janeiro, e que foi apresentado em Évora no passado dia 12 de Abril pelo Secretário de Estado da Segurança Social, Dr. Pedro Marques, procura dar apoio à criação de emprego, nomeadamente nas IPSS e autarquias, abrangendo mais de 700 mil pessoas.

De entre estas medidas apresentadas, permitam-me que dê particular ênfase àquelas que se destinam aos cidadãos mais jovens. Para os jovens licenciados foram criados cerca de 5000 estágios na função pública, bem como outras medidas de apoio à contratação dos jovens que já concluíram os estágios profissionais.

Saliento estas medidas pela preocupante subida da taxa de desemprego entre os jovens licenciados do nosso país e destaco esta medida sobretudo porque vem ao encontro das suas preocupações quotidianas.

Fico, no entanto, a aguardar que muitos destes jovens se vejam, cumprido o estágio, integrados nas instituições onde exerceram funções, contribuindo, deste modo, para o rejuvenescimento destas mesmas instituições e aproveitando o que de melhor podem dar ao nosso país.

Por último, saliento que a pior face do desemprego não se manifesta nos números ou percentagens que tantas vezes vemos espelhadas na imprensa. No seu lado mais negro e na maioria das vezes totalmente oculto estão os problemas pessoais, de gestão financeira familiar, de auto-estima e desmotivação profissional que, com pequenos apoios, podem ser resolvidos.

Amigo Aldino

Há exemplos de vida que tomamos e que marcam a nossa existência e nos ajudam a construir aquilo que somos. O Sr. Aldino é um desses exemplos.

Quando soube do seu falecimento havia já entregue o artigo do número passado da Gazeta, mas sinto, perante a perda que sofremos, que era justo e inteiramente merecido dedicar algumas palavras a um dos homens que contribuiu positivamente para a construção da pessoa que hoje sou.

Amigo Aldino, terei saudades das nossas pescarias e da paciência que empenhava enquanto se debatia com cada uma das carpas que apanhava. Terei saudades das conversas que dedicava aos “putos”, a quem ensinava técnicas de pesca que eram autênticas lições de vida.

Além de mim, Vendas Novas terá saudades da dedicação que sempre votou ao concelho que sempre soube defender.

Presto-lhe hoje sentida homenagem com estas parcas palavras. Parcas, sobretudo, na comparação com o enorme exemplo de vida que soube ser.

Era para mim um grande prazer quando, mais recentemente, nos cruzávamos, nas suas caminhadas de Domingo, enquanto passeava em direcção ao seu Estrela e dedicava 10 a 15 minutos para mais algumas lições a fixar. Gostava ainda de o ler nas páginas do nosso jornal, sobretudo pela sua crítica positiva, e sempre construtiva, com que abordava o desporto na nossa terra.

Obrigado, amigo Aldino, pelo exemplo que marcou a minha adolescência e juventude e pelos grandes valores que me passou na dedicação a Vendas Novas.

São exemplos destes que não partirão nunca do ser deste jovem aprendiz e que para sempre permanecerão na minha memória. Obrigado por tudo o que me “ensinou”.

À sua família, e sobretudo ao meu amigo Ricardo os meus mais sentidos pêsames por esta perda que nos veio empobrecer a todos.

Até sempre amigo Aldino.

Março – Mês da Juventude

Comemora-se por todo o país no presente mês de Março o Mês da Juventude. Por todo o lado – autarquias, associações, instituições públicas e/ou privadas, religiosas e políticas, etc. - todos procuram, ao seu modo e consoante as suas possibilidades, celebrar a Juventude e os jovens. Também em Vendas Novas, na semana que decorre entre 24 e 31 de Março, o nosso município, ao seu jeito, assinala este momento.

No entanto, e à margem das comemorações:

• Será que sabemos o que é ser jovem nos dias de hoje?

• Será que já parámos para reflectir que a juventude dos nossos dias é bem diferente da Juventude que viveram os nossos pais?

• Será que percebemos que os desafios globalizantes de hoje nos obrigam a abordagens, também elas diferentes, na preparação das iniciativas e políticas, que desenvolvemos para os jovens?

• Será que basta criar “Gabinetes de Juventude” como o fizeram muitas Câmaras Municipais para servir bem os nossos jovens?

• Será que bastam as festas culturais com momentos musicais e um programa de eventos desportivos para celebrar a Juventude?

Laconicamente: Não!

É fundamental que, nos dias que vivemos, percebamos aquilo que sentem os jovens em relação a temas tão banais como: a educação e/ou formação profissional; o emprego; a habitação; o desporto. No entanto, há outros aspectos em que, de uma vez por todas, temos de OUVIR os jovens: as suas perspectivas de futuro; o que mais gostam de fazer; que visão têm do seu concelho; onde ocupam o seu tempo…

Poderíamos continuar com uma lista infindável de tópicos que devem merecer a atenção de todos nós para, de uma vez por todas analisarmos o que estamos a fazer pela juventude.

Definitivamente:

• Urge criar o Conselho Municipal de Vendas Novas.

• É imperioso criar um mecanismo que possibilite às entidades que trabalham com jovens darem a visão que deles recolhem sobre as políticas que têm e que terão impacto directo nas suas vidas presentes e futuras.

• É fundamental apoiar efectivamente os jovens a criar mais estruturas de juventude no Concelho, como as Associações de Estudantes na Escola Secundária e no Agrupamento Vertical de Escolas.

• Urge cada vez mais apoiar as associações que já desenvolvem trabalho com e para os jovens como a o Centro Juvenil Salesiano, a Associação de Jovens da Landeira e a Bússola – Associação de Desenvolvimento Local de Vendas Novas.

• Acima de tudo, urge ter boa vontade e não ter medo das opiniões dos jovens, da mesma forma que é fundamental desprendermo-nos das amarras legais que têm servido de motivo para não criar este tão importante mecanismo de aproximação aos jovens de Vendas Novas e abordar as temáticas da Juventude como quem trabalha os pilares basilares das sociedades futuras.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Madeira Nossa


Ainda há bem pouco tempo reflecti e escrevi sobre um enorme drama. O vivido pelos haitianos perante uma enorme catástrofe que os atingiu e que mobilizou todo o planeta numa operação de auxilio a um povo martirizado por um abalo sísmico de que não há memória.

Agora, o alarme soou bem mais perto. No nosso país, na Madeira. A pior catástrofe dos últimos 100 anos. Uma catástrofe que perdurará por muitos anos nas nossas memórias, mas sobretudo nas vidas dos madeirenses.

Até ao momento em que escrevo 39 mortos confirmados, 600 desalojados, 29 desaparecidos, 18 pessoas hospitalizadas e ainda milhões de euros de prejuízo. No entanto, muitos mais sofrem neste momento. Sofrem as famílias que se viram privadas dos seus entes queridos, sofrem os madeirenses que vêem as suas terras totalmente destruídas e as suas casas desfeitas (mesmo aqueles que se encontram a quilómetros de distância - como o nosso craque Cristiano Ronaldo), mas sofre ainda todo o povo português, sobretudo pela sensação de que poderia ser a sua terra, a sua casa a sua família.

O mau tempo que se tem feito sentir em Portugal é a prova de que temos que parar para pensar em questões tão importantes como o urbanismo, as alterações climáticas provocadas pelo efeito de estufa, mas também nas respostas das nossas estruturas de Protecção Civil a situações que podem ser previstas, mas não evitadas. Pensar em questões que se aplicam a todo o país e não só à Madeira.

Devemos, ainda assim, salientar algumas coisas positivas das quais destaco:

  • A rápida resposta do Governantes nacionais e locais àquelas populações, mobilizando todos os meios para uma resposta eficaz e apoio às populações em perigo e accionando os mecanismos europeus previstos para a ajuda em situações de crise;
  • Mas também, e sobretudo, a vaga de solidariedade dos portugueses, que mesmo em tempos difíceis, não se distanciaram um segundo da sua responsabilidade colectiva que faz de nós um único Povo, um único País. Que faz de todos nós Portugueses.
Na nossa diversidade e pluralidade de ideias, soubemos, como sempre, encontrar resposta para os problemas que atravessamos e é certo que a população daquela ilha paradisíaca que é a Madeira não ficará sem resposta, sem apoio, sem a solidariedade de todos perante o cataclismo.

Façamos pois o luto, em tempo de luto, para de seguida nos unirmos e ultrapassarmos mais uma situação difícil na nossa História colectiva. Avancemos de seguida com as nossas vidas e tentemos aprender com estes casos, de modo a que, no futuro, se não os pudermos evitar, os possamos minimizar.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Liberdade de Expressão

Durante a semana passada, um dos temas mais badalados nos órgãos de comunicação social foi o “Caso Mário Crespo”. Gostaria pois de tecer algumas considerações pessoais sobre este “Pseudo-Caso”. 

Organizarei 3 pontos principais esse mesmo “Caso”:

  1. Pseudo-Facto”: “Parece que…” num almoço entre amigos, resolve o Eng. José Sócrates, e mais 2 membros do actual governo comentar o jornalista Mário Crespo e sobre ele elaborar alguns considerandos que não abonariam muito favoravelmente ao profissionalismo deste. Tomemos a “história” como “possivelmente verdadeira” ou mesmo como “verosímil” no sentido grego do termo (algo semelhante à realidade, mas que não a é. Algo possível.)
  2. Reacção: Mário Crespo tem desse “pseudo-facto” conhecimento através de alguns amigos que frequentavam o mesmo restaurante e o que faz? Decide vir a público tentar defender a sua honra sobre uma conversa em que supostamente era visado, mas apenas baseado no “diz que disse”. Parece ainda que não publicaram no Jornal de Notícias (JN) a sua crónica que, mais uma vez “dizia mal do Sr. Primeiro-Ministro”.
  3. Conclusão: Após a saga de notícias, alguns partidos portugueses resolvem tentar tirar alguma vantagem contra a imagem do Primeiro-Ministro e do próprio Governo, tendo por base conversas que, alegadamente, ocorreram em clima privado.
3 Ideias agora:

  1. Após 36 anos de Liberdade, parece que ainda não aprendemos totalmente a viver desse modo. Não teremos por acaso direito de emitir a nossa opinião sobre qualquer pessoa ou profissional entre um grupo de pessoas? Será que existe alguém neste país que ainda não o tenha feito?
  2. Verdade seja dita que o Primeiro-Ministro, mais do que ninguém, deveria ter cuidado com o que diz em público e em voz alta, mas não terá ele próprio o direito de todos os restantes portugueses em exprimir a sua opinião durante um jantar não oficial? Haverá uma Liberdade de Expressão para ele e outra para todos nós? Sempre vivi em Liberdade e nunca me lembro de ser de outro modo e, por este mesmo motivo, estou em crer que essa liberdade é a mesma para todos. 
  3.  Que motivo teria o Director do JN para não publicar uma crónica de Mário Crespo a dizer mal do Primeiro-Ministro se, durante os últimos anos, não fez outra coisa? Alguém consegue extrair de tal crónica uma conclusão diferente de: “aqui está um artigo sobre coisa nenhuma”?
  4. Poderemos nós, ou mesmo os tribunais, ou outra qualquer entidade, julgar quem quer que seja sobre o que poderá ter dito, se não o fez de forma oficial? Esperemos que não, sob pena de incorrerem todos os cidadãos portugueses nesse “Pseudo-Crime”. É como diz o Texto, “Quem nunca pecou…”
Enfim, será esta a imagem do nosso país: banal e preocupado com o que não interessa ao seu próprio progresso? Um país que, no fundo, ainda não sabe viver a Liberdade de Expressão? Estou também em crer que não!