domingo, 4 de dezembro de 2011

Gestão autárquica em tempos de crise


Gerir é um exercício cada vez mais exigente e necessário na vida de cada pessoa, mas “saber gerir” e “gerir bem” são conceitos bem distantes de “gerir” em si mesmo. Se a este facto aliarmos a necessidade de gerirmos bem o pouco que temos, então torna-se evidente que a parcimónia e o rigor serão as linhas orientadoras de qualquer bom gestor.
Esta realidade da gestão é hoje reconhecida mas empresas, entidades públicas, mas também ao nível das famílias, sendo a prática comum a todas estas diferentes realidades. Assim, gerir recursos públicos é, antes de mais, um acto revestido de enorme nobreza, mas também de enorme responsabilidade.
Em Vendas Novas, gerir os destinos da nossa Autarquia e dos cerca de 11.000 vendasnovenses, deve ser um motivo de orgulho para aqueles que foram escolhidos pela população para o fazer mas, como é óbvio, este tem que ser um exercício e uma responsabilidade que nunca devem sair dos horizontes de cada autarca do Concelho, quer se trate do executivo, quer da oposição.
Deixo pois 5 problemas do actual modelo de gestão do nosso Município, numa altura em que o fim do ano se aproxima e em que temos obrigação de fazer um balanço daquela que foi a nossa conduta, mas também 5 propostas para estes problemas:
  1. Num contexto económico particularmente difícil que Portugal e a Europa atravessam torna-se óbvio que algo também não está bem nas finanças do Concelho de Vendas Novas, muito por causa dos critérios que orientam a sua gestão. Este facto tornou-se mais claro na Assembleia Municipal realizada no passado dia 29 de Novembro, em que o PCP aprovou a abertura de mais 35 concursos para o Mapa de Pessoal da Câmara Municipal, com os inerentes custos implicados nestas contratações. Além de ter ficado claro que se incentiva no Concelho o trabalho precário, com contratos eternamente a prazo (e que haviam sido, nas palavras do Sr. Presidente, extintos em Março de 2010), é também óbvio que, a médio prazo, os custos desequilibrarão as contas do nosso município, sendo que não existe uma verdadeira política de gestão de recursos humanos com critérios claros e necessidades identificadas.
  2. Quando o nosso município recebe cerca de 3,5 milhões de euros do estado (receita mais certa do município) e só de despesas com pessoal tem 4 milhões de euros, deixa bem claro o mau caminho de ruptura financeira que seguimos;
  3. Quando apresentamos uma média de trabalhadores por habitante muito superior à média nacional e muito acima dos municípios nossos vizinhos, como argumentar que precisamos de mais 35 trabalhadores na Autarquia?
  4. Quando, em Dezembro de 2010, se devia cerca de 7 milhões de euros a entidades externas, qual a justificação perante tais entidades para aumentar agora as despesas com o pessoal da Câmara?
  5. Quando chegamos ao ponto em que a Câmara tem que pedir empréstimos para pagar empréstimos, com os inerentes encargos com juros, como poderemos vislumbrar uma boa saída para as nossas contas?
Na minha opinião, e perante esta situação que atravessamos, será necessário ao Município de Vendas Novas:
  1. Uma melhor análise da situação difícil que atravessamos, sem qualquer cegueira ideológica como barreira, identificando-se problemas e possíveis soluções;
  2. Uma melhor identificação dos recursos realmente necessários para resolver os problemas identificados e prestar serviços de qualidade para a população;
  3. Um cada vez melhor planeamento estratégico, sobretudo realista e com metas claramente atingíveis;
  4. Uma execução mais rigorosa do que foi traçado em sede de planeamento, olhando-se para as oportunidades que o território em que nos encontramos tem, para as ameaças que a crise mundial nos traz, mas também para as forças e fraquezas da nossa própria instituição;
  5. Cumprir com as suas obrigações e compromissos perante fornecedores, mas também perante as associações de Vendas Novas, não prometendo aquilo que depois não pode ser cumprido.
Estes são 5 dos pilares de qualquer boa gestão. Basta tentar segui-los para se fazer, a cada dia, um melhor trabalho em benefício dos nossos cidadãos. Tentemos trazê-lo para Vendas Novas para vencermos o nosso futuro colectivo!

Comércio Tradicional volta ao centro de Vendas Novas

Entendendo as cidades modernas como organismos vivos e dinâmicos, teremos que saber também interpretar os seus centros como uma boa amostra dessa mesma vitalidade e dinamismo.
Assim, desde o encerramento da saudosa “Pastelaria Império”, há já alguns anos que o centro tradicional Vendas Novas tem vindo a perder a força, o dinamismo e o vigor que demonstrava até ao final da década de 90. Para este facto contribuíram obviamente:
  • A mudança de ritmos de vida da Sociedade;
  • A redução de clientes neste tipo de comércio e serviços, sobretudo nesta zona da cidade;
  • O encerramento de lojas e pequenos estabelecimentos que existiam na Avenida da República em Vendas Novas;
  • Mas também a deslocação da sede do Estrela Futebol Clube da Rua Joaquim Pedro de Matos para a Avenida 25 de Abril e, consequentemente, de todas as actividades que enchiam antiga sede muitas vezes de visitantes.
Desde então, apenas vingaram no centro de Vendas Novas algumas lojas que teimosamente foram resistindo à adversidade dos tempos.
Somos então obrigados a lamentar que nada tenha sido feito pela Câmara Municipal de Vendas Novas para revitalizar, reinventar, e regenerar esta zona da Cidade. De facto, e como é reconhecido por muitos especialistas na matéria, são as actividades comerciais os principais responsáveis pelo desenvolvimento e sustentabilidade das cidades, sobretudo nos seus centros urbanos e históricos.
Assim, aqui deixo 4 propostas do que poderá e deverá ser feito no Centro Tradicional de Vendas Novas (com alguma criatividade e pouco investimento):
  1. O regresso das Festas do Concelho ao centro da cidade;
  2. A promoção de actividades municipais no Centro Tradicional;
  3. O incentivo ao arrendamento jovem nesta zona;
  4. O incentivo à regeneração urbana, por exemplo, com a criação de um plano de pormenor para esta zona, onde se determinem vários apoios aos proprietários que decidam intervir nos seus imóveis.
No entanto, e mesmo sem qualquer esforço municipal para a revitalização da parte mais nobre da cidade, a verdade é que verificamos com bons olhos que hoje são já vários os empresários vendasnovenses que, num espírito empreendedor e empenhado, mas também arriscado têm vindo a fixar-se nesta zona.
Aliando a este facto a instalação de associações locais na área, como a Casa do Benfica de Vendas Novas, verificamos que tem vindo a aumentar as actividades, levando isto a um reforço da presença dos vendasnovenses no coração da cidade.
Sempre entendi que Vendas Novas tem o seu principal valor nas pessoas, e só com um centro tradicional cheio de gente poderemos ter uma identidade social e cultural forte bem como a necessária produção de riqueza e criação de emprego que nos levam no sentido da sustentabilidade económica.
Congratulo assim, todos os empresários e pequenos investidores que optam por se fixar em Vendas Novas, ao invés de desistirem ou procurarem outras paragens para investir. Só assim poderemos ter um Concelho mais forte, mais desenvolvido e onde se poderá viver melhor.