
Entendendo as cidades modernas como organismos vivos e
dinâmicos, teremos que saber também interpretar os seus centros como uma boa
amostra dessa mesma vitalidade e dinamismo.
Assim, desde o encerramento da saudosa “Pastelaria Império”,
há já alguns anos que o centro tradicional Vendas Novas tem vindo a perder a
força, o dinamismo e o vigor que demonstrava até ao final da década de 90. Para
este facto contribuíram obviamente:
- A mudança de ritmos de vida da Sociedade;
- A redução de clientes neste tipo de comércio e serviços, sobretudo nesta zona da cidade;
- O encerramento de lojas e pequenos estabelecimentos que existiam na Avenida da República em Vendas Novas;
- Mas também a deslocação da sede do Estrela Futebol Clube da Rua Joaquim Pedro de Matos para a Avenida 25 de Abril e, consequentemente, de todas as actividades que enchiam antiga sede muitas vezes de visitantes.
Desde então, apenas vingaram no centro de Vendas Novas
algumas lojas que teimosamente foram resistindo à adversidade dos tempos.
Somos então obrigados a lamentar que nada tenha sido feito pela
Câmara Municipal de Vendas Novas para revitalizar, reinventar, e regenerar esta
zona da Cidade. De facto, e como é reconhecido por muitos especialistas na
matéria, são as actividades comerciais os principais responsáveis pelo
desenvolvimento e sustentabilidade das cidades, sobretudo nos seus centros
urbanos e históricos.
Assim, aqui deixo 4 propostas do que poderá e deverá ser feito
no Centro Tradicional de Vendas Novas (com alguma criatividade e pouco
investimento):
- O regresso das Festas do Concelho ao centro da cidade;
- A promoção de actividades municipais no Centro Tradicional;
- O incentivo ao arrendamento jovem nesta zona;
- O incentivo à regeneração urbana, por exemplo, com a criação de um plano de pormenor para esta zona, onde se determinem vários apoios aos proprietários que decidam intervir nos seus imóveis.
No entanto, e mesmo sem qualquer esforço municipal para a revitalização
da parte mais nobre da cidade, a verdade é que verificamos com bons olhos que hoje
são já vários os empresários vendasnovenses que, num espírito empreendedor e
empenhado, mas também arriscado têm vindo a fixar-se nesta zona.
Aliando a este facto a instalação de associações locais na
área, como a Casa do Benfica de Vendas Novas, verificamos que tem vindo a
aumentar as actividades, levando isto a um reforço da presença dos
vendasnovenses no coração da cidade.
Sempre entendi que Vendas Novas tem o seu principal valor
nas pessoas, e só com um centro tradicional cheio de gente poderemos ter uma identidade
social e cultural forte bem como a necessária produção de riqueza e criação de emprego
que nos levam no sentido da sustentabilidade económica.
Congratulo assim, todos os empresários e pequenos
investidores que optam por se fixar em Vendas Novas, ao invés de desistirem ou
procurarem outras paragens para investir. Só assim poderemos ter um Concelho
mais forte, mais desenvolvido e onde se poderá viver melhor.
O problema da falta de centralidade de Vendas Novas é similar ao de muitas outras povoações que se foram estruturando na base do processo de passagem do trânsito. Vendas Novas apesar disso conseguiu ter uma centraliadade propiciada pela Escola Prática de Artilharia. Nos tempos em que as incorporações eram intensas e com mancebos que provinham dos estratos da classe média, Vendas Novas consolidou a centralidade junto ao quartel e, necessáriamente, junto ao edifício da Câmara Municipal, o qual foi arranjado à pressa quando o concelho foi criado e instalado no tempo de Marcelo Caetano. Com a perda desse activo urbano, as administrações locais que se foram sucedendo nunca foram capazes de recriar uma centralidade que fosse o ponto de encontro do contexto social,económico e cultural/educativo de Vendas novas. E projectos conheci eu vários, prontos a executar. Desde logo o do Jardim - Parque , junto à rotunda, agora onde se instalou a GNR (antes era a Escola Preparatória). Esse projecto elaborado por técnicos muito experientes era a âncora para uma nova centralidade que se apoiava no tecido social local e não tanto na atracção que o trânsito provoca. Vendas Novas acentuou o seu caracter de espaço canal e com isso perdeu o potencial de desenvolvimento que poderia ter. E continuam a fazer-se asneiras, como seja a localização da superfície comercial do Intermarché. As administrações comunistas são muito pouco sensíveis à necessària e prudente ponderação na localização destes empreendimentos. Em todas sedes de concelho onde os eleitos pela CDU comanadam, este é um erro que se repete sistemáticamente. A localização da Escola Secundária foi bem decidida. Ali , naquela zona a famíla do Coronel Costa Brás, nos anos setenta encomendou um bem desenhado loteamento urbano, "coroado" com um hotel, que foi simplesmente alvo da censura da decisão municipal. Foi uma decisão errada que Vendas Novas ainda está a pagar. Quando a administração regional, chamemo-lhe assim, insistiu que as novas contruções ao longo do atravessamento da EN 114 deviam ser recuadas e ter um espaço de comunicação adequado, com apontamentos de enquadramento arbóreo, caíu o Carmo e a Trindade. Mas de pois de muitas e porfiadas reuniões, o município foi obrigado (é o termo) a licenciar de acordo esse palno de alinhamentos. Se o tivessem continuado, como critério, a travessia de Vendas Novas não era apenas um canal, era uma avenida airosa onde várias pequenas centralidades podiam e deviam ser ancoradas. Mas para quê bater mais no "ceguinho". Continuam a mandar os "patos bravos", corporação que o PCP teve sempre a seu lado. Senão veja-se o que é a península de Setúbal.É o que tenho a comentar.
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