quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Transportes públicos e políticas de mobilidade

O desenvolvimento industrial dos séculos passados, a produção em massa de veículos de transporte motorizados, a crescente necessidade de estarmos em vários sítios, depressa e em condições de conforto, fez com que as Sociedades se começassem a preocupar mais com as políticas de mobilidade do que até então.

De facto, hoje preocupamo-nos mais com a Segurança Rodoviária, com a qualidade dos serviços, públicos ou privados, de transporte de passageiros, bem como com a melhoria contínua das vias em que diariamente circulamos. A estes fatores teremos obrigatoriamente de juntar mais um que, por ser um pouco mais recente, poderia passar-nos despercebido: o ambiente.

É neste enquadramento que os transportes públicos surgem como uma boa maneira de reduzir o trânsito caótico das grandes cidades (sendo um dos principais responsáveis pela acumulação de índices de stress nos cidadãos), conciliar horários e comodidade, reduzir emissões de Co2 para a atmosfera e ainda de darmos a oportunidade de quem ainda não possui veículo próprio se deslocar.

Para que este modelo funcione, necessitamos hoje de um novo pensamento em termos de políticas de mobilidade, atraindo cada vez mais utilizadores para os transportes públicos, sobretudo através de políticas diferenciadoras entre aqueles que abdicam do carro próprio em detrimento da utilização de transportes coletivos.

Assim, a sustentabilidade das empresas públicas de transportes e a captação de novos clientes devem ser as duas grandes bandeiras de uma Sociedade desenvolvida, justa e de todos os que defendem uma discriminação positiva dos cidadãos.

Neste contexto, parece-me estranho que:

1. Ao longo de décadas se tenha permitido que as empresas acumulassem prejuízos insustentáveis para desenvolver uma das mais importantes políticas de mobilidade dos nossos tempos – o transporte coletivo de passageiros;

2. O novo Governo Português se decida por um aumento generalizado dos custos dos passes e bilhetes destes transportes (cerca de 30% em vários dos passes combinados), antes sequer de avaliar os possíveis cortes nas insustentáveis despesas das mesmas;

3. Se reduzam ligações importantíssimas entre várias cidades, com todos os custos inerentes em termos de conforto e compatibilidade horária dos cidadãos com os seus empregos e os seus transportes;

4. Que não exista qualquer política pública nacional ou local para cidades de menor dimensão como Vendas Novas, onde a única política de mobilidade existente se consubstanciou na má construção de algumas “Pistas Cicláveis” (já anteriormente analisadas neste espaço).

Cada vez mais, importa colocar o foco da gestão pública na vida e bem-estar dos cidadãos, encontrando respostas que garantam a subsistência de um sistema que se quer “amigo” destes e próximo das melhores realidades em políticas de mobilidade urbana. Neste sentido, importa começar a pensar estas questões como um todo e não só em casos de maior desafogo financeiro. Daqui para a frente é necessário implementar sistemas de aproximação entre cidades e de redução do Espaço/Tempo entre cidadãos e locais.

Não basta pensar na mobilidade apenas pela parte das receitas e das despesas, mas sim dar sustentabilidade a um sistema que se quer público, acessível e cada vez mais justo (em que quem mais pode mais paga), garantindo uma boa gestão das empresas que gerem estes transportes e responsabilizando aqueles que fogem a esta urgente necessidade do País.

Por outro lado, urge pensar nas políticas de mobilidade nacionais de forma integrada e coesa e não de forma espartilhada.

Só haverá futuro para os transportes públicos se estes forem, de facto, atrativos para os cidadãos!

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