segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Orçamento de Estado 2011

Discute-se, no momento em que escrevo, na Assembleia da República Portuguesa, um dos mais importantes instrumentos de gestão do nosso país: o Orçamento do Estado para o próximo ano.

Um instrumento de difícil elaboração e, certamente, de difícil execução. O que estará em causa neste ano de 2011 será a estabilidade do país e a resposta musculada e consistente a uma crise de que só agora sentimos os efectivos efeitos.

Como ponto de partida para o tema, importa referir que este não é um problema único de Portugal. Não estamos sozinhos nesta batalha do combate ao défice, estando os nossos parceiros Europeus e Mundiais a atravessar tantas dificuldades como nós: o desemprego, a falência de empresas, os défices orçamentais, o aumento da dívida pública e o aumento dos juros sobre esta mesma dívida são factos que trespassam qualquer país nosso contemporâneo. A título de exemplo, deixo as previsões para os défices em 2010: Irlanda - 32%; Espanha - 9,3%,; Grécia - 8,7%; França - 7,7%; Reino Unido - 10,6%.

Assim, e do meu ponto de vista, importa:

1. Saber que “há mais vida para além do défice” (como disse Jorge Sampaio), mas que é importante cumprir os nossos compromissos europeus, colocando as contas públicas em ordem;

2. Ter a coragem necessária para tomar as medidas que se exigem para garantir a sustentabilidade económica e social de Portugal;

3. Termos um Governo sério e isento na aplicação de medidas, mesmo que estas, por serem impopulares, levem ao descontentamento. É necessário fazer o que é preciso e não aquilo que é mais fácil.

Teremos que ter capacidade de antecipar a evolução dos mercados e de inovar nas medidas económicas a tomar para sairmos desta crise. Tal como disse John Cochrane, um dos mais brilhantes economistas americanos da nova geração, em entrevista ao Expresso, “A teoria dos mercados eficientes prevê que os mercados tenham derrocadas imprevisíveis. Não diz que têm poderes de adivinhar o futuro”.

PS e PSD têm hoje, mais do que nunca, que se assumir como partidos responsáveis, sérios e como os únicos com sentido de Estado. Para isto, é necessário olhar para o País sem partidarismos, sem cálculos eleitoralistas.

Haja a seriedade, a coragem e a altivez de olhar para o País e fazer o que é necessário. Acredito que o Orçamento de Estado será aprovado no próximo dia 3 de Novembro, pois é um mal necessário para a credibilidade Portuguesa.

1 comentário:

  1. A questão aqui nem é tanto o défice que temos. Embora limitador da nossa acção, e causa de todos os problemas posteriores, a verdade é que o défice existe na totalidade dos países europeus. Olhamos para a França e para o Reino Unido e apresentam défices elevados. A diferença é que eles não são alvos de especulação como nós, eles não têm os juros da dívida a níveis difíceis de seres aceites. No fundo, eles têm o poder que nós não temos. É triste, mas é a realidade.

    Valentino

    ResponderEliminar