Mudam-se os tempos mudam-se as vontades!
Esta é a sabedoria da
cultura popular portuguesa, mas este é também, na minha modesta opinião, um dos
principais motivos do atraso do nosso País. É caso para dizer: Mudam-se os
Governos, mudam-se as políticas! Tenham sido boas ou más, tudo acaba e começa
do zero.
É também nesta incapacidade
para discernir e selecionar, nesta falta de coragem para dar continuidade ao
que de bem feito foi desenvolvido por outros que reside o atraso estrutural de
Portugal. Gostava pois de vos dar um exemplo que me é caro: O Programa Novas
Oportunidades.
Recentemente este programa foi alvo de avaliação pelo
Governo português e foi decidido que este seria um Programa para extinguir. Os
motivos apontados estão sobretudo relacionados com a incapacidade para melhorar
a empregabilidade dos candidatos que frequentam o programa.
Não posso pois de deixar de lamentar uma tão grande
falta de rigor técnico nesta análise uma vez que, como todos sabemos, com a
crise que atravessamos; com as medidas recessivas que têm sido adotadas; com a
incapacidade da economia para criar empregos, nenhum programa que tivesse antes
o objetivo de promover e melhorar a empregabilidade dos cidadãos, teria hoje
sucesso nesta matéria.
A título de exemplo, gostava que o Governo Português
comparasse por exemplo este mesmo vetor (relação entre a qualificação e a
empregabilidade) nas Universidades Portuguesas nos dias de hoje. Não será
também esta empregabilidade afetada pelos condicionalismos que enumerei atrás?
Claramente que sim.
Porque não equaciona o Governo mandar encerrar algumas
universidades? Claro que a resposta é “porque não o pode fazer”. Porque as
universidades servem para mais do que garantir melhores condições de
empregabilidade, assim como o Programa Novas Oportunidades.
Na realidade, e na minha opinião, o motivo do
encerramento e destruição das Novas Oportunidades está na política e na
incapacidade deste Governo em conviver com as grandes bandeiras do Governo
anterior, como sejam os casos do Magalhães e do Choque Tecnológico.
Assim, este encerramento, motivado sim por razões
políticas e económicas, terá um impacto direto na vida dos formandos e terá
como única alternativa o célebre Ensino Recorrente.
Um sistema alternativo de ensino, abandonado no
passado pelas suas enormes taxas de abandono, poderá vir agora dar resposta às
expectativas dos portugueses para se realizarem e continuarem a qualificar-se?
Sinceramente acho que não e entendo que este
será um retrocesso motivado pela indefinição política que agora vivemos.
Mais recentemente foi admitido por alguns responsáveis
políticos a possibilidade de continuação do RVCC – Reconhecimento, Validação e
Certificação de Competências – o que me leva a crer que não sabemos bem o rumo
que seguimos e que andamos mais ou menos ao sabor do vento. Tal situação não
nos poderá levar a bom porto!
Concluindo:
- Uma iniciativa exemplo que realizou sonhos a milhares de portugueses que na sua infância não puderam estudar;
- Uma Iniciativa que se tornou num exemplo seguido por múltiplos países da OCDE;
- Que tem falhas identificadas a corrigir, mas que se materializa em enormes mais-valias para as pessoas que dela usufruem;
- Que inovava por sermos dos únicos Países a certificar “Competências” em toda a Europa, daí o facto de sermos um exemplo a seguir.
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