segunda-feira, 18 de junho de 2012

Novas Oportunidades: Indefinição e/ou retrocesso


Mudam-se os tempos mudam-se as vontades!

Esta é a sabedoria da cultura popular portuguesa, mas este é também, na minha modesta opinião, um dos principais motivos do atraso do nosso País. É caso para dizer: Mudam-se os Governos, mudam-se as políticas! Tenham sido boas ou más, tudo acaba e começa do zero.
É também nesta incapacidade para discernir e selecionar, nesta falta de coragem para dar continuidade ao que de bem feito foi desenvolvido por outros que reside o atraso estrutural de Portugal. Gostava pois de vos dar um exemplo que me é caro: O Programa Novas Oportunidades.
Recentemente este programa foi alvo de avaliação pelo Governo português e foi decidido que este seria um Programa para extinguir. Os motivos apontados estão sobretudo relacionados com a incapacidade para melhorar a empregabilidade dos candidatos que frequentam o programa.
Não posso pois de deixar de lamentar uma tão grande falta de rigor técnico nesta análise uma vez que, como todos sabemos, com a crise que atravessamos; com as medidas recessivas que têm sido adotadas; com a incapacidade da economia para criar empregos, nenhum programa que tivesse antes o objetivo de promover e melhorar a empregabilidade dos cidadãos, teria hoje sucesso nesta matéria.
A título de exemplo, gostava que o Governo Português comparasse por exemplo este mesmo vetor (relação entre a qualificação e a empregabilidade) nas Universidades Portuguesas nos dias de hoje. Não será também esta empregabilidade afetada pelos condicionalismos que enumerei atrás? Claramente que sim.
Porque não equaciona o Governo mandar encerrar algumas universidades? Claro que a resposta é “porque não o pode fazer”. Porque as universidades servem para mais do que garantir melhores condições de empregabilidade, assim como o Programa Novas Oportunidades.
Na realidade, e na minha opinião, o motivo do encerramento e destruição das Novas Oportunidades está na política e na incapacidade deste Governo em conviver com as grandes bandeiras do Governo anterior, como sejam os casos do Magalhães e do Choque Tecnológico.
Assim, este encerramento, motivado sim por razões políticas e económicas, terá um impacto direto na vida dos formandos e terá como única alternativa o célebre Ensino Recorrente.
Um sistema alternativo de ensino, abandonado no passado pelas suas enormes taxas de abandono, poderá vir agora dar resposta às expectativas dos portugueses para se realizarem e continuarem a qualificar-se? Sinceramente acho que não e entendo que este será um retrocesso motivado pela indefinição política que agora vivemos.
Mais recentemente foi admitido por alguns responsáveis políticos a possibilidade de continuação do RVCC – Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências – o que me leva a crer que não sabemos bem o rumo que seguimos e que andamos mais ou menos ao sabor do vento. Tal situação não nos poderá levar a bom porto!
Concluindo:
  • Uma iniciativa exemplo que realizou sonhos a milhares de portugueses que na sua infância não puderam estudar;
  • Uma Iniciativa que se tornou num exemplo seguido por múltiplos países da OCDE;
  • Que tem falhas identificadas a corrigir, mas que se materializa em enormes mais-valias para as pessoas que dela usufruem;
  • Que inovava por sermos dos únicos Países a certificar “Competências” em toda a Europa, daí o facto de sermos um exemplo a seguir.
É um exemplo que em Portugal é desvalorizado, espezinhado e excluído no contexto de uma política de indefinição e retrocesso que não olha, cuida e constrói para as pessoas que serve, mas que cada vez mais se serve das pessoas.

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