terça-feira, 15 de maio de 2012

Políticas de Gestão Públicas


Durante os últimos anos, em que tenho tido a honra de poder pública e livremente a oportunidade de partilhar com os leitores da Gazeta de Vendas Novas as minhas opiniões e os meus olhares sobre variadíssimos temas da vida do País e do Concelho, já escrevi várias vezes sobre “Gestão” da “res pública”.
Num momento particularmente difícil para muito vendasnovenses, gostava de partilhar convosco um olhar, incidindo sobre a gestão que tem sido feita do nosso município e das nossas contribuições para a sua vida financeira.
Acontece que, na última Assembleia Municipal de Vendas Novas, foi tornado público que, por mais um ano, a nossa autarquia apresentou um défice maior que aquilo que pode suportar um Concelho como o nosso. Tal facto não seria estranho, caso o entendêssemos na atual conjuntura, não fosse o discurso dos responsáveis políticos locais dando a entender que em Vendas Novas não há crise e que tudo vai bem.
De entre muitos indicadores que devem preocupar os Vendasnovenses, gostava de salientar alguns a que certamente muitos leitores não terão acesso:

  • Em 2011 as receitas próprias do município de Vendas Novas já não chegavam para pagar os custos com salários, sendo que a Câmara Municipal de Vendas Novas obteve 4.140 mil euros de receitas próprias e gastou em pessoal cerca de 4.300 mil euros;
  • A execução de venda de terrenos ficou-se pelos 5,5%, num total de 100% proposto pelo executivo camarário, tal como já poderíamos prever aquando da elaboração do Orçamento;
  • A dívida da Câmara Municipal é já de quase 8 Milhões, sendo que destes quase 4 Milhões de euros são devidos a fornecedores;
  • A dívida a fornecedores de Vendas Novas passou de 250 mil para 620 mil euros.


Perante estes dados, reconhecidamente negativos e ainda piores que os do ano passado, respondeu o Sr. Presidente da Câmara Municipal que “é um político e não um gestor”.
Demos pois razão ao nosso edil, salientando, no entanto, que nenhum líder tem que ser especialista em Gestão. Precisa contudo de ter noções claras desta e de outras matérias ou estar rodeado de uma equipa que o apoie quando tem que tomar decisões. Depois deve aliar este apoio à decisão de fator que tem que lhe ser inerente enquanto líder: ter uma visão esclarecida sobre o futuro que deseja para a instituição e para as pessoas que lidera.
Torna-se claro que a autarquia de Vendas Novas navega neste momento “à vista”, sem noção do rumo que segue, nem do impacto que os seus atos de (má) gestão tem na economia local.
Há neste momento em Vendas Novas muitas pequenas e médias empresas, mas também instituições em dificuldades extremas por falta de cumprimento da Câmara para com os seus compromissos.

Mesmo admitindo que o contexto que vivemos é de uma dificuldade extrema;
Mesmo aceitando que nem sempre os Governos cumpriram para com as Autarquias os seus compromissos;
Mesmo admitindo que o Sr. Presidente da Câmara não é um bom gestor (nas suas próprias palavras);
É mesmo assim impossível de admitir a situação a que o nosso Município chegou.
Como aceitar que grande parte das dívidas existentes seja a instituições de Solidariedade Social e Proteção e Socorro a Vítimas que, pelos importantes serviços que prestam às populações,  não podem nem devem ser penalizados por atos menos conscientes de gestão municipal.

Já o filósofo grego Sócrates dizia: "A Administração [Gestão] é uma questão de habilidades, e não de da técnica ou experiência. Mas é preciso antes de tudo saber o que se quer."

1 comentário:

  1. Meu caro amigo.
    O senhor Presidente da Câmara não é um gestor...é um gastador compulsivo.
    A nossa classe política e em particular todos os que ocupam cargos que implicam competências para fazer despesas, independentemente do partido a que pertencem,e de um modo geral, tornaram-se gastadores compulsivos.
    Governam para ganharem as "próximas eleições".
    Para tal cometem os maiores dislates e loucuras.
    Não basta dizer-mo-nos democratas eleitos pelos nossos pares, é preciso que a democracia nos corra nas veias, e que a cultura democrática esteja inscrita no código genético.
    Políticos são todos eles, democratas são muito poucos.
    A democracia é o sistema político mais complexo, e Portugal em quase novecentos anos de história só viveu em democracia uma fracção de segundo, espero que os meus netos saibam viver e ser democratas, até lá não sei se o nosso pobre país vai resistir a tais gastadores.
    Receba o meu abraço.

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