sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Portugal em chamas

Desde o inicio do mês de Agosto, e como já tive oportunidade de alertar em artigo anterior, o país tem vivido tempos verdadeiramente difíceis com centenas de ignições e consequentes incêndios a alarmar populações e a fustigar os Bombeiros do nosso país. Podemos mesmo dizer que o país está literalmente em chamas.

No Distrito de Évora vivemos, no passado dia 11 de Agosto, o pior incêndio florestal deste ano, localizado no concelho Viana do Alentejo, numa zona de densos matos e algum eucalipto, e que tive oportunidade de acompanhar no âmbito das funções que exerço no Governo Civil de Évora.

Na verdade, e ao contrário do que muita gente diz - utilizando da mais barata demagogia - houve um enorme esforço de preparação desta época de incêndios e os alertas das mais variadas entidades com competências na Protecção Civil multiplicaram-se ao longo de meses.

Sabendo-se que o Inverno foi chuvoso e prolongado, não poderemos aceitar que muitos proprietários abandonem os seus terrenos, mesmo que esses não tenham para eles qualquer rentabilidade. É inaceitável, em qualquer país civilizado, e para qualquer pessoa minimamente informada, que não cuidemos do que é nosso para depois nos queixarmos que ardeu.

Julgo que, de uma vez por todas, há medidas a tomar, e partilho inteiramente da visão do Ministro da Agricultura, António Serrano, quando equaciona expropriar quem tome atitudes destas.

Outra coisa difícil de compreender é a posição e a consciência de pessoas sem escrúpulos que, por motivos vários e de forma egoísta, pegam fogo ao nosso património natural. São atitudes negligentes ou criminosas que, além de destruírem a nossa floresta, põem em causa a segurança e a vida de quem heroicamente combate as chamas na defesa do património de terceiros e com todos os custos que esse combate implica.

Na Guarda, em Viseu ou em Viana do Alentejo, o dano não é apenas para os proprietários. As perdas são várias e o sacrifício de quem enfrenta estas calamidades deve ser valorizado pela nossa sociedade que agora, mais do que nunca, se deve unir para ajudar a identificar os responsáveis por estes actos criminosos.

Por último, uma palavra de agradecimento à Câmara Municipal de Viana do Alentejo pelo alto desempenho alcançado com a logística que, pelas 3h da manhã, permitiu confortar com água e alimentos os cerca de 60 Bombeiros que, com bravura e sacrifício pessoal, combateram até à exaustão - e durante mais de 9h - este incêndio.

Haja bom senso de uns e coragem de outros!

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