segunda-feira, 11 de julho de 2011

Olhares sobre a Economia

Decorrentes da agenda das últimas duas semanas, gostaria de partilhar com o leitor 3 olhares sobre 3 factos que marcaram o nosso País e que serão decisivos para o futuro que ambicionamos:

1. Em apenas 2 semanas de existência, o Governo Português, liderado por Passos Coelho em coligação com Paulo Portas, sofreu 2 pesadas derrotas a analisar.
Uma primeira derrota de carácter político, com a rejeição de Fernando Nobre para presidente do parlamento português por 2 vezes, e a sua consecutiva renúncia ao cargo de deputado. Uma derrota que espelha o quão lamentavelmente baixo se pode ir na vida pública e um exemplo a não seguir: Nobre quis ser Presidente da República, os portugueses não quiseram; Nobre quis ser Presidente da Assembleia da República, os Deputados não quiseram. De seguida, renuncia ao mandato que lhe deram os portugueses, provando uma enorme falta de respeito para com o seu eleitorado.
Uma segunda derrota, de índole económica, e depois de anunciados terríveis cortes extra ao pacote de medidas da Troika (por si só extremamente duro), e onde se destaca o corte de cerca de metade dos subsídios de Natal dos portugueses, vieram as agências de rating mostrar o seu desprezo por essas medidas, baixando o rating da República Portuguesa para o nível de “Lixo”.
Passos Coelho não consegue assim, e ao contrário do anterior executivo, ganhar a tão necessária credibilidade para conquistar a confiança dos mercados (continuando os juros sobre a nossa dívida em constante subida).
2. Outro olhar importante sobre a mesma matéria tem a ver com a falta de rigor e critério das agências de rating americanas que, pressionadas pelo impulso imperialista do Dólar e de alguns investidores mais inconsequentes, usam o seu enorme poder económico para colocar em causa estados e mesmo a moeda única europeia.
Tal facto vem provar que o capitalismo selvagem que vivemos nos nossos dias, impulsionado por estados cada vez mais liberais e sem qualquer cultura humanista, nos pode levar ao declínio das Sociedades Ocidentais.
Considero que todo e qualquer País deve regular de forma séria os mercados e todo e qualquer Estado tem obrigação de intervir na economia, sob pena desta se sobrepor à soberania desse mesmo Estado.
E, sobretudo, nunca fazer como Cavaco Silva que em 2010 achava que deveríamos deixar as Agências fazer o seu trabalho e que a culpa era interna e que hoje, em 2011, já acha que elas constituem uma ameaça à economia portuguesa. Esta falta de critério e seriedade política impulsionada pela mudança de Governo é que não nos levará a lado nenhum.
3. Face ao momento económico que vivemos e às dificuldades que atravessam países como a Grécia, como a Irlanda, como Portugal, mas também potências mais poderosas como a Espanha e a Itália, constantemente sob ataques especulativos que os impedem de financiar as suas economias e desta forma gerar negócios e empregos, deve a Europa pensar no seu projecto europeu e naquilo que ele representa.
Tal como Mário Soares, acredito que é necessário refundar e realinhar o Projecto Europeu, concebido e defendido por gerações de europeus na busca do Desenvolvimento, da Estabilidade e da consequente Paz. Assim, e perante o ataque ao Euro e à economia europeia, devemos pensar o que queremos para esta Europa, espaço de encontros culturais e de uma riqueza civilizacional sem comparação. Que Europa queremos? E qual o seu Projecto para as nossas vidas? São estas as duas perguntas a que devem os Europeus e também os portugueses responder, com a certeza de que muita coisa terá que mudar.
Para já, será fundamental, do meu ponto de vista, criar uma agência de Rating europeia que concorra com as americanas e nos permita sair da dependência das avaliações tendenciosas que até ao momento têm sido efectuadas. Depois, que se refunde uma Europa centrada no Homem e não na moeda, que se defendam os valores culturais de cada povo e se aprenda a viver sob um padrão civilizacional comum. Seja o caminho qual for (do Federalismo ou da Confederação de Estados) o que importa é que se defina e se avance.
Por mim, considero que deve ser sempre a economia ao serviço do Homem, contribuindo para a sua qualidade de vida e felicidade e nunca o contrário. O Homem não pode ser escravo da economia, sob pena de acabar por perder aquilo que de mais importante tem: a sua própria vida!

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