segunda-feira, 2 de maio de 2011

Geração Desenrasca

Basta de gerações que vão do “rasca” ao “à rasca”!

Portugal é palco no dia em que escrevo de mais uma manifestação contra o Estado actual do País e contra o Governo Português. Uma manifestação que cumprirá a sua importante missão de ser um escape democrático para tantas frustrações e descontentamentos.

Assim vistas as coisas, esta será apenas mais uma manifestação a juntar a tantas outras que já se têm realizado e que se descrevem pela sabedoria popular: “Casa onde não há pão…”.

No entanto, julgo merecer particular destaque a que hoje se realiza por ser uma manifestação de jovens ditos “à rasca” e ditos “apartidários” que exigem ao Governo não se percebe bem o quê.

De facto, permitam-me que comece por salientar e clarificar que compreendo os motivos da manifestação, nomeadamente a frustração de tantos jovens que, pelo nosso Portugal fora, mereciam um emprego e uma vida mais estável.

No entanto, e como não costumo falar do que não sei e/ou conheço, dei-me ao trabalho de ler na íntegra o manifesto que une tais jovens e permitam-me que lamente a falta de bom senso dos seus líderes:

1. Não se consegue compreender como esperam que a maioria da juventude se reveja num documento sectário, sem sentido de responsabilidade e sem visão de futuro (convido o leitor a lê-lo);

2. Este é um movimento que ganhou forma nas redes sociais e onde cerca de 60 mil jovens indicaram que iam participar e quase 90 mil jovens que não se revêem nele;

3. Este é um movimento onde muitos jovens têm razão para estar, mas onde muitos outros só vão por motivos políticos, tendo muito pouco de apartidário (na sua liderança encontram-se militantes da Juventude Comunista e da Juventude Bloquista);

4. Este é um movimento onde apenas 30% dos participantes são efectivamente jovens.

Da minha parte, este movimento não pode acolher simpatia e, embora compreenda as razões que levam os jovens a manifestarem-se, tenho também que compreender que há no nosso País casos de sucesso de muitos jovens que, em vez de empunharem bandeiras de revolta, se dedicam ao trabalho, ao empreendedorismo e à inovação.

Assim, acho que o resultado prático da manifestação será nulo e que todos esses jovens deveriam olhar para aqueles que:

1. Criam as suas próprias empresas (com ou sem apoios estatais) e geram emprego para outros que, como eles, se encontravam desempregados;

2. Lutam em cada dia para poderem estudar e conseguir realizar os seus sonhos contra todas as adversidades;

3. Não esperam que sejam os pais a trabalhar por eles e assegurar que o seu futuro esteja garantido.

Isto é que tem que ser valorizado nos dias difíceis que atravessamos. Aqueles que, mesmo sem grandes oportunidades, lutam e conseguem vencer. E se é certo que hoje atingimos o recorde de desempregados entre os licenciados, também é verdade que atingimos o nosso número máximo de licenciados empregados e isto porque simplesmente temos mais licenciados em geral. Porque será que não ouço ninguém dizer isto?

Enquanto jovem, acredito que somos nós os construtores do futuro e, por esse motivo, acho que basta de “gerações rascas”, “à rasca” ou “desenrascas”, gerações pessimistas e que nem em si próprias acreditam.

Ao contrário de um certo grupo musical, não acredito que seja parvo estudar. Acredito que o caminho para uma vida melhor é o ensino e a qualificação, sendo que ninguém deve acreditar que por tirar um curso superior tem automaticamente acesso a trabalho.

Não cairei no oportunismo fácil nosso contemporâneo em que vende mais dizer o que todos gostam de ouvir. Sendo sérios e pensando no Futuro, temos que ser realistas e dizer a verdade nos momentos difíceis como nos momentos fáceis.

A luta faz-se trabalhando e fazendo por ganhar a vida, mostrando aquilo em que somos bons e onde podemos fazer a diferença, não se faz na rua e nas manifestações! Pela minha parte acho que se aplica, mais do que nunca, a célebre frase de uma música mais antiga: “O Futuro está perto e é preciso enfrentá-lo com garra…

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