quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Morrer da cura


Sopram os ventos de mudança em Portugal!
Já muita tinta correu sobre tudo o que se tem passado em Portugal nos últimos dias, mas julgo importante refletirmos um pouco sobre a nossa atualidade política e sobre as perspetivas de futuro para o nosso País. Certo é que este é um importante momento de viragem de mentalidade e postura dos cidadãos perante o impacto de mais imposições e sacrifícios nas suas vidas.
Sente-se nas conversas e nos olhares de todos os que nos circundam, que ninguém hoje é indiferente ao que está a acontecer e esse é um fator determinante para as brisas renovadoras da história.
Assim, depois do anúncio de mais um bloco violento de medidas de austeridade pelo Governo Português, que se consubstancia em mais do mesmo para os mesmos, e sem que a esperança de bons resultados nos traga alguma tranquilidade, seguiram-se as respostas da Sociedade Portuguesa:
  • Patrões contra as medidas por representarem um ataque aos trabalhadores;
  • Trabalhadores contra, pelas perspetivas de aumento de desemprego e agravamento da carga fiscal sobre os mesmos de sempre;
  • Economistas preocupados pelo facto de as medidas levarem certamente a quebras no consumo interno;
  • Governo dividido e descredibilizado, com o CDS a parecer mais um partido de oposição (numa posição de claro e imoral oportunismo);
  • Oposição política unida num coro de protestos que se fez ouvir nas bancadas do Parlamento e corredores de São Bento;
  • Portugueses fartos e a dizer claramente na ruas “BASTA!”;
  • Uma Europa à procura de se reencontrar e de refundar o projeto europeu (hoje, espero, uma Europa acordada a abraçar Hollande e não subserviente a Merkel).

Nunca fui um apologista da Manifestação como meio de ação, sobretudo porque sempre pensei que de nada serve o protesto (a não ser para aliviar algumas tensões acumuladas). Nunca achei que qualquer Governo pudesse igualmente ser-lhes alheio. No entanto, sou daqueles que sempre se colocam do lado da solução e não no dorso do problema, daí que ache que seria importante percebermos, nós portugueses, se haverá realmente esperança para que Portugal se afaste do ocorrido na Grécia e se estaremos à altura das circunstâncias para encontrar soluções para uma receita que já se mostrou ineficaz no passado.
Julgo estar certo na análise que faço às circunstâncias quando digo que:
  1. A austeridade só gera mais austeridade e mata as economias de países que, como Portugal, produzem para dentro (facto provado com acontecimentos que a História recorda);
  2. O experimentalismo de medidas como a redução da TSU (que nem os patrões parecem querer) não deve ser aceite por quem nos Governa, mesmo que impostas pela Troika;
  3. Não pode um Governo de ideologias neoliberais tomar medidas que se aproximam do massacre económico ocorrido há uns anos na antiga URSS (como bem lembrou recentemente Manuela Ferreira Leite);
  4. Não pode ninguém ficar indiferente à fístula que representa já o desemprego em Portugal (perto do 16%), pondo em causa a estabilidade do sistema nacional de segurança social e o próprio Estado Social Português.

Se é altura de dizer “BASTA!”, é igualmente importante saber dizer “VAMOS DEFENDER PORTUGAL!”.

Será que temos que aceitar este caminho em que se sucumbe à cura e não à doença? 
Será que teremos que continuar a ser sempre os mesmos a pagar os erros e fraudes de alguns? 
Acreditamos que a solução tem que passar efetivamente por mais um pacote viciado de austeridade seletiva? 
Haverá alguém capaz de seriamente se comprometer em nos retirar desta situação apontando prazos concretos para um melhor Futuro de Portugal?

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